Novembro Azul: preconceito com o câncer de próstata é um dos fatores que leva à morte

Embora tenha 90% de chances de cura, o câncer de próstata ainda mata um quarto dos pacientes com a doença. É por isso que o mês de novembro é dedicado ao diagnóstico precoce desse tumor — que é o mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer de pele — com a campanha Novembro Azul.

Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que 20% dos homens já estão com o tumor em estágio avançado quando procuram um médico. Isso porque, no estágio inicial, esse tipo de câncer não apresenta sintomas. Na fase avançada, porém, são eles: dor óssea; dores ao urinar; vontade de urinar com frequência; e presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

Segundo o presidente da SBU de São Paulo, Flavio Trigo, o preconceito é um dos fatores que leva à morte. “O preconceito aumenta a mortalidade porque nós sabemos, graças a um estudo europeu, que homens que fazem exames preventivos anuais têm uma sobrevida 35% maior do que os que não fazem”, completou.

A principal resistência dos homens, de acordo com ele, é com o exame de toque retal, realizado nos consultórios médicos. Mas o urologista alerta que essa avaliação é fundamental para o diagnóstico do tumor. “Muitos homens com tumores graves de próstata têm PSA normal. Portanto, se não tiver esse dado a mais da palpação, da procura por nódulos na próstata, o paciente não vai ter um diagnóstico tão bom quanto fazendo o exame completo”, disse Trigo em relação ao exame de antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês), feito por meio da coleta de sangue.

Os exames devem ser feitos anualmente por homens com mais de 50 anos. Já indivíduos negros ou com histórico familiar de câncer de próstata devem procurar um médico a partir dos 45 anos de idade.

Trigo avalia que, culturalmente, os homens se cuidam menos do que as mulheres. É por isso que a campanha deste ano é chamada de “Novembro Azul: O homem moderno se cuida”. “Nós achamos que o homem moderno não se prende a preconceitos, mesmo porque fazer um exame de toque nunca mudou a orientação sexual de ninguém. Além disso, esse é um exame tão desagradável quanto é o exame ginecológico para as mulheres”, afirmou o urologista.

Neste ano, o câncer de próstata deve ter 68,2 mil novos casos. O número é maior do que o apresentado pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) no ano passado, quando estava em 61 mil. Mas Flavio Trigo avalia que esse aumento é positivo. “Esse aumento abrupto reflete uma maior conscientização da população masculina, além de maior acesso ao diagnóstico”, explicou.

Tratamento do câncer de próstata

Depois que o paciente é diagnosticado com o câncer de próstata, há duas possibilidades: a remoção total do órgão por meio de cirurgia ou a radioterapia (indicada, principalmente, para os homens que não têm condições clínicas boas para se submeterem a uma intervenção cirúrgica).

Atualmente, a cirurgia pode ser feita do modo clássico, com a incisão e retirada da próstata; por meio de laparoscopia, que é menos invasiva, realizada com finos tubos de fibras óticas no abdômen; e a cirurgia assistida por robô.

“Em termos de controle da câncer e efeitos colaterais, as três são bastante semelhantes”, afirmou Trigo. “Muitos pacientes preferem ser operados com auxílio do robô por ter um menor índice de sangramento e recuperação mais rápida, mas a cirurgia clássica não deixou de ser uma alternativa válida para o tratamento.”

Efeitos colaterais

O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo, Flavio Trigo, explica que, quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer de próstata, maior a possibilidade de preservar os nervos do pênis. Além disso, a idade do paciente também influencia.

No geral, o risco de impotência é de 20% dos casos. “Mas, para isso, existem vários tratamentos. Mesmo que o homem venha a perder a potência, pode se tratar e recuperar essa função”, avalia o médico.

Trigo ressalta apenas que, com a cirurgia, o que muda é a ejaculação. “Quando o paciente remove a próstata, ele deixa de ter o ejacular, mas continua tendo orgasmo”, afirmou.

Outro efeito colateral é a incontinência urinária, que atinge de 5% a 10% dos pacientes. De acordo com o urologista, o problema melhora com o tempo decorrido do pós-operatório, mas, se o sintoma persistir após 6 meses da cirurgia, o paciente deve procurar um médico, para discutir “as inúmeras alternativas que existem para esse problema”.
Resumo

(Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia)

O que é o câncer de próstata?

Acontece quando as células deste órgão começaram a se multiplicar de forma desordenada. A doença pode demorar a se manifestar, exigindo exames preventivos constantes para não ser descoberta em estágio avançado.

Sintomas

Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas, mas, quando alguns começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. A ausência de sintomas não significa que não há problemas. Os principais na fase avançada são:
Dor óssea
Dores ao urinar
Vontade de urinar com frequência
Presença de sangue na urina e/ou no sêmen
Fatores de Risco
Histórico familiar de câncer de próstata: pai, irmão e tio
Raça: homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer
Obesidade
Diagnóstico Precoce / Recomendação
Homens a partir dos 45 anos com fatores de risco devem fazer o exame de toque retal, além do exame de sangue PSA (antígeno prostático específico)
Homens que não têm fatores de risco devem realizar os mesmos exames citados acima a partir dos 50 anos, anualmente.

Por Nicole Fusco/JOVEM PAN. 

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