Brasil: Sergio Moro pede demissão do Ministério da Justiça

Moro pede demissão do Ministério da Justiça e deixa o governo ...
O ex-juiz Sergio Moro anunciou sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública, durante uma contundente entrevista coletiva, após 1 ano e 4 meses no cargo. Ele deixa a função após atritos com o presidente Jair Bolsonaro, cujo ápice foi a demissão de Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da Polícia Federal. Para Moro, este foi um sinal de que o presidente não o queria mais como ministro.
“Isto é um sinal de que o presidente me quer fora do cargo”, afirmou Moro sobre a polêmica demissão de Maurício Valeixo. “Eu não tinha como aceitar essa substituição em respeito ao estado de direito”, completou.
Sergio Moro detalhou a forma com que Bolsonaro insistiu para que fosse feita a troca no comando da PF. De acordo com o ex-juiz, o próprio presidente admitiu que a troca aconteceria por conta de interferência política.
“O presidente passou a insistir na troca do diretor-geral (Maurício Valeixo). Sempre o disse que não havia problema, mas preciso de uma causa [para a mudança]. E ele tem feito um trabalho positivo. Não é a questão do nome, o grande problema de realizar essa troca é uma violação da promessa que foi feita anteriormente, de que eu teria carta branca. Em segundo lugar, não havia uma causa para essa troca. Ficaria clara a interferência política na Polícia Federal”, explicou Moro.
Segundo o ex-ministro, haveria intenção de trocar superintendentes sem que fosse apresentada uma razão para realizar as substituições. Na quinta-feira, Bolsonaro insistiu sobre a troca e Moro argumentou que ficaria evidente a interferência política, o que teria sido admitido pelo presidente.
Moro sinalizou o nome de Dinei Rosseti, diretor-executivo da corporação, para o cargo de Valeixo, alegando que um novo nome deveria ter a anuência da PF, mas não obteve resposta positiva. Bolsonaro queria liberdade para colher informações sobre investigações mas, segundo Moro, este não é o papel da PF.
O ex-ministro negou que Valeixo quisesse deixar o cargo, disse não ter assinado a exoneração do ex-diretor da PF e em nenhum momento recebeu dele qualquer pedido de demissão, tendo ficado sabendo através do Diário Oficial. “Isso é o ápice na carreira de qualquer policial [ocupar a direção geral], e ele entrou lá com uma missão”.
Ao abrir a entrevista, Sergio Moro lamentou toda a situação, afirmando que o foco do país neste momento deveria ser o combate à pandemia do novo coronavírus. No entanto, a situação no Ministério havia ficado insustentável.
“Eu queria lamentar a realização desse evento em meio a pandemia. Gostaria ao máximo evitar que isso acontecesse, mas foi inevitável”, disse Moro ao abrir a coletiva, por volta de 11h desta sexta-feira (24).
Na coletiva, Moro lembrou da condenação de Lula na Lava Jato e do começo do trabalho no Ministério. Quando afirmou ter recebido do presidente Jair Bolsonaro carta branca para nomear membros de sua equipe.
“Me prometeram carta branca para nomear [...] Me permito dizer que o presidente concordou com todos os compromissos, inclusive falando publicamente”, afirmou. Além disso, Moro enumerou os feitos alcançados pelo Ministério durante sua gestão.
O ex-ministro ressaltou que o Ministério está voltado para o enfrentamento da pandemia, o que interrompeu o andamento do plano de medidas para a segurança. Por fim, ele mencionou o pacote anti-crime, ressaltando que os avanços poderiam ter sido maiores.
Sergio Moro ainda ressaltou que o lema de seu trabalho à frente da pasta foi “faça a coisa certa sempre”. Ele destacou que a proposta do trabalho sempre foi de integração, e não “de quem leva a medalha no final”. O presidente Jair Bolsonaro afirmou, por meio de suas redes sociais, que ainda nesta sexta-feira, às 17h, fará um pronunciamento  sobre as saídas de Moro e Valeixo.
Demissão de diretor da PF foi estopim para a crise
O estopim para a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública foi a demissão do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. O ex-ministro classificou a medida como uma decisão de influência política o que, segundo ele, teria sido confirmado por Bolsonaro, também em relação a outras mudanças na corporação.
A exoneração de Valeixo foi publicada no Diário Oficial desta sexta-feira como tendo sido uma decisão feita a pedido do próprio então diretor, assinada pelo agora ex-ministro e por Bolsonaro. No entanto, Moro contesta essa versão, afirmando que Valeixo jamais pediria demissão e negou ter assinado a exoneração.
Cabe ressaltar que, ainda na manhã desta sexta, a Secretaria de Comunicação do Governo, por meio de suas redes sociais, havia destacado que Valeixo havia pedido demissão do cargo. Na postagem, o perfil ainda fez ataques à imprensa, afirmando que a informação de que o ex-diretor havia sido demitido se tratava de “fake news”.
“Ao contrário do que parte da imprensa está noticiando, a exoneração do sr. Maurício Valeixo se deu a pedido do próprio. Contra fake news, busque sempre a fonte primária da informação”, dizia a postagem.

Fonte: ofluminense / Imagem: Reprodução Google

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