Nos últimos anos, temos assistido a uma triste e crescente realidade: os constantes ataques de cães aos rebanhos de caprinos e ovinos nas pequenas propriedades rurais. A produção familiar, que já enfrenta inúmeros desafios estruturais e climáticos, agora acumula perdas incalculáveis provocadas por essa situação. Embora careçamos de dados oficiais consolidados, estima-se que tais ataques já tenham reduzido os rebanhos pela metade.
As consequências vão muito além do prejuízo imediato. Caprinos e ovinos são animais que se adaptam bem ao clima semiárido e às pequenas propriedades, desempenhando um papel essencial na geração de renda, no sustento das famílias e na segurança alimentar e nutricional do meio rural. Além disso, há a perda de animais geneticamente aprimorados ao longo de anos de seleção, muitos dos quais nem chegaram a ser catalogados.
O que agrava ainda mais essa problemática é a total ausência de políticas públicas voltadas para a prevenção e o enfrentamento dos ataques. Não há soluções fáceis ou imediatas. A falta de alternativas concretas e de um debate qualificado tem gerado um conflito silencioso entre os produtores rurais, que acumulam prejuízos, e os defensores dos direitos dos animais, que também têm pautas legítimas.
Entretanto, é preciso afirmar com clareza: os cães não são os culpados. Eles são vítimas da negligência humana. A responsabilidade recai, exclusivamente, sobre nós, seres humanos, que permitimos que animais circulem sem controle, sem cuidados, sem políticas de proteção e controle populacional.
É urgente o debate técnico, qualificado e responsável sobre essa problemática. A busca por soluções exige diálogo, sensibilidade e, sobretudo, compromisso com a realidade do campo e com a proteção de todos os seres envolvidos. Algumas medidas concretas precisam ser consideradas e implementadas com urgência:
1. Estabelecimento de um pacto social que promova a defesa e proteção dos animais, com atenção especial aos rebanhos caprinos e ovinos. Como por exemplo, censo animal com cadastro e identificação dos animais, ações de conscientização para a sociedade, educação ambiental, campanhas de adoção responsável entre outras;
2. Criação de legislações que responsabilizem os tutores de cães soltos, incluindo a obrigatoriedade de compensação financeiramente, em caso ataques a outros animais;
3. Programas de castrações de cães como método de controle de reprodução através de programa ético de controle populacional de cães;
4. Fomento às atividade de criação de caprinos/ovinos - crédito para recomposição do rebanho e estrutura, chamada publica voltadas para às cadeias; et.
VÍDEO COM ANIMAIS ATACADOS
Não podemos mais ignorar essa realidade. A convivência entre produção agropecuária e proteção animal é possível e necessária. Mas, para isso, é preciso assumir responsabilidades, articular ações coletivas e garantir que o poder público assuma seu papel na mediação e na construção de soluções.
Artigo de Opinião
Ricardo Souza de Jesus
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