O
candidato à Prefeitura de Curitiba Rafael Greca (PMN) deu uma
declaração preconceituosa na última quinta-feira (22), durante sabatina
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e do jornal “Bem
Paraná”. Questionado sobre quais seriam suas propostas para a população
em situação de rua, ele disparou: “eu nunca cuidei dos
pobres. Eu não sou São Francisco de Assis. Até porque a primeira vez que
tentei carregar um pobre, e pôr dentro do meu carro, eu vomitei por
causa do cheiro”.
Ao
responder à pergunta de um professor da instituição, Greca começou
falando sobre o Papa Francisco e o enfrentamento da crise. “Ela gera um
risco muito grande, sobretudo para os mais pobres. Os governos têm que
centrar a sua atenção no resgate social e no apoio aos mais pobres, para
assim superarem a crise. Sua santidade fez um albergue semelhante à FAS
SOS [programa da Fundação de Ação Social, entidade do município que faz
a gestão da política de assistência], junto aos muros do Vaticano (…)”,
destacou.
A
fala que gerou repercussão veio logo após ele lembrar que coordenou,
durante 20 anos, a Casa dos Pobres São João Batista, na capital
paranaense. “Era um homem muito sujo. Quando cheguei no albergue, a
freira me disse: ‘lavo o doutor primeiro ou ele?’ Bom, mas eu me ocupei
muito do resgate social e aprendi, no resgate social, que tem que haver
triagem”, prosseguiu. Entre as iniciativas do candidato estariam a
criação de “centros de estabilização para narcodependentes e psicóticos”
e a abertura, “com a ajuda das igrejas e de quem queira ajudar – até
dos ateus, se houver ateus em favor da humanidade”, de comunidades
terapêuticas.
Ainda
segundo Greca, o público-alvo inclui gente “despossuída, que só tem
vergonha de voltar para casa e [que] se tiver uma boa roupa e uma
carteira de identidade, volta”. “Há gente que veio trazer a mãe para o
Hospital do Câncer e daí a mãe morreu, e tem vergonha de enfrentar a
família (…), há gente que cai nas garras de um gigolô, de uma prostituta
perversa ou de um travesti malvado e fica também sem autoestima; há
gente que cai nas mãos de traficante de drogas e vira aviãozinho, e há
gente que é simplesmente desregrado, é uma pessoa com surto psicótico,
que precisa de socorro médico. Tudo isso pede socorro social ou
triagem”, defendeu.
Prefeito
da cidade entre 1993 e 1997, o político do PMN é hoje líder disparado
nas pesquisas. A última, do Ibope, encomendada pela RPC TV, o mostrou
com 45% das intenção de votos, sendo 52% dos votos válidos (excluindo
brancos e nulos), o que o deixa perto de vencer já no primeiro turno. Na
sondagem anterior, ele aparecia com 28%. O atual prefeito da capital,
Gustavo Fruet (PDT), vem em segundo lugar, com 16%, seguido de Requião
Filho (PMDB), com 8%, e Ney Leprevost (PSD) e Maria Victoria (PP), com
6%. Já Tadeu Veneri (PT) tem 4%. Ademar Pereira (PROS) e Xênia Mello
(PSOL), por sua vez, somam 1% cada.
Outro lado
Procurada
nesta sexta-feira (23) pelo Terra, a assessoria de imprensa de Greca
enviou uma nota na qual ele pede perdão pelas palavras. “Não tive a
capacidade de explicar a dificuldade que vivi ao tentar realizar o
trabalho de resgate social na minha juventude. Mais uma vez,
descontextualizam o que falo para tentar enganar as pessoas. Ontem,
durante a Sabatina na PUC, ao exaltar o difícil trabalho dos educadores
sociais e das irmãs de caridade, comentei sobre o quão difícil é essa
missão. Com sinceridade disse que não tenho a capacidade desses
profissionais para o resgate, mas que acima de tudo, admiro, respeito,
faço e farei o possível e impossível para mudar o quadro de abandono nas
ruas. Peço que me perdoem pela falta de clareza do discurso. Não me
interpretem mal.”
Fonte: Terra/Foto: reprodução
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