Mulheres da Via Campesina se posicionam contra a reforma da PrevidĂȘncia Social

O contexto de golpe tem sido de agravamento da perda dos direitos e isso tem atingido diretamente os camponeses e camponesas / Divulgação
Sabemos que na América Latina as mulheres camponesas produzem mais de 45% dos alimentos e é por nossas mãos que passam até 80% dos alimentos consumidos pelo povo no mundo. Além disto, as camponesas desempenham um papel importante na preservação das sementes, alimentos, raças e toda biodiversidade garantindo assim tanto a soberania quanto a segurança alimentar. São as mãos das mulheres camponesas que alimentam, a partir do trabalho duro na roça, o povo brasileiro aliado a outras jornadas de trabalho e relaçÔes de opressão. O golpe e a perda de direitos sociais, neste cenårio, arrebata a vida e o futuro destas mulheres.
O atual contexto de golpe tem sido de agravamento da perda dos direitos e isso tem atingido, diretamente os direitos conquistados pelos/as camponeses/as, em especial, os direito das mulheres camponesas. Todas as mudanças em curso vem com o discurso, alimentado pela grande mĂ­dia, de que as perdas de direito devem acontecer diante da necessidade de enxugamento dos gastos pĂșblicos. AlĂ©m disso, estĂŁo sendo arquitetados no paĂ­s, a partir de açÔes e manobras conservadoras, vĂĄrias açÔes de criminalização dos movimentos populares, intensificação do sexismo, da violĂȘncia contra as mulheres e de privatização de setores pĂșblicos estratĂ©gicos para a população brasileira, a exemplo da educação, saĂșde, moradia e PrevidĂȘncia Social.
O que estĂĄ por traz deste discurso e açÔes midiĂĄticas e conservadoras Ă© a mercantilização e a financeirização de tudo que Ă© pĂșblico, desmonte da PrevidĂȘncia Social e o desmantelamento da democracia e do debate polĂ­tico em um retrocesso que nĂŁo temos dimensĂŁo do tempo que teremos para uma nova reconstrução dos direitos perdidos.
No caso da PrevidĂȘncia Social, nos Ășltimos anos, tem assumido um papel de destaque na sociedade brasileira, principalmente no campo, com a extensĂŁo do seguro social para um contingente significativo de trabalhadores e trabalhadoras atĂ© entĂŁo marginalizados/as das conquistas sociais da nação. A inclusĂŁo do camponĂȘs e da camponesa como segurado especial da previdĂȘncia rural gerou positivos impactos polĂ­ticos e socioeconĂŽmicos que vĂŁo da melhoria considerĂĄvel da qualidade de vida nas famĂ­lias no campo atĂ© a dinamização da economia local de mais de 70% dos municĂ­pios brasileiros abaixo de 50 mil habitantes. É atravĂ©s dessas e desses aposentados que gira a maioria das economias locais, jĂĄ que sĂŁo eles que sustentam grande parte das famĂ­lias rurais.
Com foco central na defesa da PrevidĂȘncia Social pĂșblica, universal e solidĂĄria, as mulheres camponesas emergem em luta neste 08 de março, pois a previdĂȘncia nĂŁo pode ser resumida a um entendimento meramente financista, como quer a tecnocracia no poder. PrevidĂȘncia Ă© mais que uma simples anĂĄlise de muitos cifrĂ”es, ela Ă© um dos alicerces do mundo do trabalho, Ă© cidadania e respeito com o homem e a mulher do campo, cansados e cansadas da lida dura na roça.
Assim, diante dos desafios apontados pela conjuntura de golpe no paĂ­s e dos enfrentamentos necessĂĄrios, nĂłs mulheres da Via Campesina neste 08 de Março sairemos em luta em todo o Brasil afirmando a defesa da PrevidĂȘncia Social e de todos os direitos conquistados as custas de muitas vidas. Sabemos que nĂŁo Ă© fĂĄcil, mas a construção foi iniciada e a Via Campesina coloca-se nesta luta e desafio permanente, atĂ© que todas nĂłs sejamos efetivamente livres.
*Leila Santana e Josineide Costa sĂŁo militantes da Via Campesina. Edição: Vivian Virissimo

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